Redação: A dicotomia existente na política que dificulta o desenvolvimento econômico no país
Da alienação ao regresso
A dicotomia, termo originado do grego “dichotomia”, significa algo dividido em duas partes, no âmbito político-econômico, esta situação é apresentada desde o início das interações sociais nesta esfera, mas durante meados do século XIX, quando o capitalismo instiga pensadores sociais a pensar sobre as irregularidades que este modelo apresentava ao povo, surgem as ideias sociais apresentadas como socialismo (utópico ou científico) e outras como o anarquismo, assim inicia-se a construção de dois lados, inicialmente opostos. Contudo, percebe-se que a dicotomia que abrange todos os modelos dos quais se pautam as dinâmicas sociais, distinguem-se nos polos da “centralização e descentralização”, o que divide opiniões e métodos de governo.
Hoje, com muitas mudanças ocorridas no mundo social, novos conceitos trazidos ao cotidiano dos cidadãos, como centro-esquerda, centro-direita e outros termos que geram uma politomia política, entretanto, todos advém da bipolarização inicial. O maior exemplo dos efeitos da dicotomia e relação à organização política e econômica ocorreu no período da Guerra Fria (1945-1991), onde houve a literal separação do mundo em um bloco capitalista e outro socialista, com suas respectivas nações líderes que lutavam por hegemonia e imposição de sua ideologia, assim, conceitos como nacionalismo e a grande influência que cada bloco exercia sobre seus cidadãos, criava identidade dos respectivos povos países que participam do conflito. Para uma nação, a questão da identidade tem sua devida importância e quando o povo não se identifica com a forma do andamento político em seu país, rivalidades e comparações, assim como a criação de paradigmas acerca das ideologias que sustentam cada um dos lados opostos, retardam o processo da eventual adoção de um modelo que gere de fato, desenvolvimento. É fulcral apresentar, porém, que o supracitado modelo adequado, dissemelha-se entre a época e o lugar onde é aplicado, ajustando-se às necessidades da própria nação.
A dicotomia na política, mais tradicional entre direita e esquerda hoje, torna mais árdua a projeção de um caminho de desenvolvimento econômico para o país. Hoje com o amplo acesso à internet, a propagação de ideias políticas sem embasamento, agrega e dissipa grupos de indivíduos de acordo com opiniões, advindas de uma perspectiva empírica e individual, acarretando desde conflitos à desinformação, o que como já descrito, desacelera um processo de concentração de esforços para desenvolver a economia. Em um país como o Brasil, as rivalidades por ideologias políticas cegam seus adeptos para os problemas que afetam a sociedade como um todo, e mesmo em um cenário como o brasileiro, onde mesmo com denominações distintas, a forma de governo não tem características extremamente diferentes alguns partidos, por exemplo, nem mesmo conseguem ser denominados de esquerda ou direita.
Assim, diante dos fatos expostos, pode-se inferir que o empecilho é extraído da ação de comparar duas posições antagônicas e tomar uma delas por correta, defendendo-a e julgando sua oposta, isso, contrariamente ao ato de filtrar das duas partes, as características essencialmente benéficas, adaptando-as a um modelo que equilibre politicamente tal país e seja capaz de superar as divergências que estacionam o desenvolvimento econômico. O governo então, deve assim analisar e propor medidas que visem prioritariamente o desenvolvimento, com uma base analítica sobre o patamar socioeconômico em que se encontra seu país, a mídia tem papel fundamental na averiguação de informações que são veiculadas, de acordo com sua veracidade, combatendo a tomada de verdades de cunho político baseadas no senso comum, assim como cidadãos também têm esse papel de analisar todas as informações que chegam a si, deve-se então tomar por prioridade a análise dos dois lados dessa mesma moeda que caracteriza a política atual e barrar disparidades que impedem o avanço econômico. Como disse o geógrafo Milton Santos: “A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos, quando apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une.”
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